Apoiada pelo Estado, designer de startup cria estilo inovador contra desperdício na moda

Startup que participa do programa Paraná Anjo Inovador recebe apoio para desenvolver modelo de produção de camisetas sustentáveis e com baixo desperdício de matéria-prima. A técnica rendeu o prêmio Green Concept Awards 2022, da Fundação IKEA da Alemanha.
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05/03/2024 - 10:13
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Uma empreendedora de uma startup paranaense está deixando sua marca na indústria da moda com uma abordagem inovadora e sustentável. Fabiana Muranaka, 48, designer fundadora e CEO da no.wasTee (em tradução livre, camiseta sem desperdício), criou um novo método de produção de camisetas, com foco no aproveitamento quase total de matéria-prima.

A empresa foi fundada em 2019, quando Fabiana, natural de Registro (SP), mas que reside em Curitiba há 25 anos, iniciou testes de ergonomia e vestibilidade utilizando uma técnica de modelagem baseada em formas geométricas retas, diferente do sistema de cortes com golas e mangas. Dessa maneira, ela utiliza melhor todo o potencial dos rolos de tecido.

A solução mais abrangente surgiu na pós-graduação, quando ela desenvolveu processos que mudaram sequências de corte. A técnica rendeu o prêmio Green Concept Awards 2022, da Fundação IKEA da Alemanha, que destaca conceitos de design sustentáveis. 

Atualmente a no.wasTee possui um e-commerce e uma releitura dos quatro modelos de camisetas mais populares no mundo: t-shirt, polo, regata e raglan. “Uma camiseta fabricada pela indústria gera em média 20% de desperdício da matéria-prima. No modelo da no.wasTee, o coeficiente de aproveitamento sobe para em torno de 97%. Isso impacta não só em um modelo mais sustentável para moda, mas também no custo-benefício da fabricação de camisetas”, explica a designer.

A empresa paranaense quer ajudar a enfrentar um dos maiores desafios da indústria da moda, que é a fabricação de modelos sustentáveis. Segundo um estudo divulgado pela Global Fashion Agenda, mais de 92 milhões de toneladas de lixo têxtil foram gerados nos últimos anos, e a projeção é de um aumento de 60% até 2030, ultrapassando 140 milhões de toneladas. Doar retalhos já não resolve o problema do descarte.

Agora, com o reconhecimento do prêmio internacional, a empreendedora quer tornar o processo industrial um serviço escalável. Isso levou ao pedido de patente da metodologia para que ela seja levada a outros ramos da moda. Fabiana está desenvolvendo um laboratório e um software de design de camisetas com zero desperdício.

O financiamento para o MVP (Produto Mínimo Viável) do software foi obtido por meio do edital Paraná Anjo Inovador, lançado no ano passado, que também financia a implantação do laboratório de design.

O programa da Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI) investe em startups paranaenses. Na primeira fase do projeto, 71 iniciativas inovadoras foram selecionadas para receber até R$ 250 mil para desenvolvimento de soluções, totalizando mais de R$ 17 milhões de investimento. No primeiro semestre de 2024, uma nova fase do Paraná Anjo Inovador será aberta, com mais R$ 20 milhões de incentivo para apoiar até 80 startups paranaenses.

“Todo esse esforço demanda uma diversidade de designs capazes de atender a variedade de matérias-primas e personas do mercado de moda mundial. O investimento do Paraná Anjo Inovador está me ajudando muito nessa jornada”, afirma Muranaka.

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