Com foco em criar soluções para melhorar a mobilidade de cadeirantes, a startup curitibana My Ploy foi uma das três empresas brasileiras finalistas no 8º Prêmio Fundación Mapfre de Inovação Social, sendo a única do país na categoria “Mobilidade segura e sustentável”. A cerimônia da premiação aconteceu no dia 12 de maio, em Madrid, na Espanha, onde a vencedora da categoria foi a empresa Cocoon, da Suécia.
Fundada em 2019 a My Ploy nasceu quando a arquiteta Rebeca Kuperstein percebeu as dificuldades enfrentadas por cadeirantes para se locomover em espaços urbanos e a instabilidade das cadeiras de rodas nas ruas e calçadas irregulares.
Assim ela criou um dispositivo de fácil montagem que pode ser acoplado em cadeiras de roda, tornando elas mais estáveis e mais seguras para andarem em diversos terrenos, dando mais liberdade e autonomia para cadeirantes e diminuindo a possibilidade de acidentes.
Com uma solução pioneira no Brasil, a empresa busca facilitar o dia a dia não só de cadeirantes autônomos, como de cuidadores e familiares de crianças e idosos. Até o momento, a My Ploy conta com 85 dispositivos vendidos.
Segundo IBGE, apenas 4,7% das calçadas do Brasil são acessíveis para pessoas com deficiências. Pensando nisso, Rebeca explica que o objetivo da My Ploy é garantir que cadeirantes possam exercer o direito de ir e vir como qualquer pessoa.
“Os indivíduos que usam cadeiras de rodas precisam exercer esse direito sem pôr em risco sua integridade física. Então o nosso produto transforma limitação em possibilidade, dependência em liberdade, grande esforço em leveza, medo em segurança, exclusão em inclusão.”
A indicação no prêmio Mapfre não foi o primeiro reconhecimento da empresa, que já tem na sua trajetória o Prêmio Negócios Inspiradores do Grupo Mulheres do Brasil, onde concorreu com outras 264 empreendedoras de todo o Brasil.
Agora a My Ploy quer expandir seus horizontes através da criação de um dispositivo similar ao que já é vendido, mas motorizado e controlado por um controle remoto parecido com controle de videogames. “Queremos motorizar o Ploy com um joystick simples que permita que qualquer um conduza com segurança. Só pensar em como isso pode auxiliar um casal de idosos, por exemplo, um vai para a cadeira, o outro não tem como conduzir, mesmo que queira. Agora com joystick, qualquer um dos dois consegue conduzir a cadeira.”, explica a CEO.
Outro projeto, pensando em facilitar o turismo para cadeirantes, é a instalação de estações de aluguel dos dispositivos, nos mesmo moldes das estações de aluguel de bicicletas, onde os usuários poderão pagar para usar o equipamento por um determinado tempo.
Para Rebeca, a My Ploy não busca apenas vender um produto, mas também quer mudar a maneira como a sociedade enxerga a mobilidade urbana. “Hoje em dia inovação é um termo muito mais amplo, não precisa ser algo completamente novo, às vezes você faz uma inovação complementar e aquilo já faz toda a diferença na vida de uma pessoa. Meu objetivo foi fundar uma empresa sólida que tem impacto social, inovação e que a gente possa seguir e ajudar muita gente.”
PROJETO SOCIAL - Além dos dispositivos para cadeira de rodas, a My Ploy apoia o projeto de inclusão “Pernas Para Que Te Quero”, que realiza a conexão de corredores e cadeirantes, principalmente crianças, para participarem de corridas de rua.
Pelo projeto e com o uso do dispositivo criado pela My Ploy, o Pernas Para Que Te Quero permite que cadeirantes participam de corridas de ruas, com auxílio de 3 a 5 corredores. a ideia é promover uma integração entre “andantes” e cadeirantes, permitir que cadeirantes tenham a experiência de uma corrida de rua e principalmente criar um ambiente divertido e acolhedor.
Segundo Rebeca, o objetivo não é competir e abaixar os tempos, mas criar uma grande reunião de pessoas onde elas possam se sentir incluídas e trocar experiências. "O que queremos é que o cadeirante sinta o vento no rosto. Não é uma competição, é uma integração, uma grande confraternização para dizer: você pertence.”
Desde 2015, o projeto já realizou 19 ações, envolvendo 980 corredores e 180 cadeirantes em diversas cidades, como Curitiba, São José dos Pinhais, Maringá, Cascavel e Osasco, em São Paulo.